O Ditador do Século XX
Quando se fala das ditaduras europeias do século XX, quase se tornou um cliché referir Hitler, Mussolini e Estaline. Mas a Europa Ocidental viu outra ditadura que, embora não tendo o mesmo impacto que as outras três, afectou largamente a evolução de Portugal.
Nascido em 1889 em Portugal rural para uma família relativamente rica, o jovem Salazar frequentou o seminário católico e flertou com a ideia de se juntar ao clero, mas mudou de ideias e seguiu o seu direito na Universidade de Coimbra. O seu envolvimento na política nasceu das concepções fortemente imbuídas do catolicismo, no contexto da corrente anticlerical promovida pela Primeira República Portuguesa (1910-1926). Ingressou oficialmente na política no início da década de 1920 no Partido Católico, mas no início dedicou-se mais à sua carreira como professor de direito.
António de Oliveira Salazar foi o Primeiro-Ministro de Portugal de 1932 a 1968. É o fundador do que chamou o “Estado Novo”, um regime autoritário de direita que governou o país até 1974. O regime opôs-se não só ao comunismo e ao socialismo, mas também ao liberalismo. O “Estado Novo” baseava-se em princípios conservadores, nacionalistas e, por último mas não menos importante, clericais. Salazar iria construir um império a partir de Portugal que seria uma verdadeira fonte de civilização e estabilidade para os bens em África e na Ásia.
Após o golpe de Estado de 1926 que pôs fim à primeira república, entrou para o governo como ministro das finanças durante o regime chamado Ditadura Nacional, iniciado pelo presidente Carmona em 1928. Em 1932 tornou-se primeiro-ministro e tendo a imagem de um ministro honesto e muito eficiente, contou com o apoio tanto do presidente como de muitas facções políticas, das quais os conservadores católicos eram os mais leais a ele.
O “Novo Estado”
O próprio termo escolhido para o nome do novo regime refere-se aos princípios básicos das ideologias totalitárias do século XX. Como o fascismo, nazismo ou comunismo, a concepção de Salazar foi baseada na ideia de mudança total, de construção de um novo Estado e, implicitamente, do novo homem, para promover uma série de valores considerados absolutos.
Em 1933, Salazar introduziu uma nova constituição que lhe deu poderes muito mais amplos, permitindo-lhe estabelecer um regime autoritário e antiparlamentar. Embora de direita, seu regime difere do alemão ou italiano por sua falta de liderança carismática, princípio expansionista, estrutura de partido único e alguma moderação no uso da violência.